Ontem foi o evento musical da Apple e, mais uma vez, o brasileiro tomou aquele tapão na cara. Primeiro, ao ver o país excluído da oportunidade de comprar alguns produtos lançados e segundo, por sempre pagar mais caro pra ter seus sonhos de consumo.
Como muito bem observou o RomuloRJ no Twitter, agora a Apple resolveu por o dedo na ferida dos governos e dizer, não só no Brasil, mas em vários outros, quanto do preço que você vai pagar pelo produto é composto de impostos e tributos. É uma forma de tentar melhorar a imagem de vilã, que sempre acompanhou a empresa, muitas vezes, injustamente, pichada pelos consumidores de não dar a devida atenção ao país.
Vamos começar com o membro mais barato da família iPod, o Shuffle de 2GB, que nos EUA custa USD 49 e aqui R$ 229,00, sendo que, destes, R$ 100,00 são impostos e tributos, ou seja, quase 44% do preço final do produto! Aqui, cabe algumas ressalvas. Primeiro: nos EUA, o preço de etiqueta, não trás embutido o imposto (IVA), que é cobrado na hora da compra e varia de estado para estado (cerca de 10%). Segundo: tanto lá, como cá, a maior parte dos produtos tem frete grátis, ou seja, é necessário descontar esse custo do lucro bruto da empresa.
Atacando agora o iPod nano, um dos lançamentos que mais chamaram a atenção no evento de ontem. Lá fora, o modelo de 8GB custa USD 149. Aqui, R$ 549,00, sendo que R$ 197,00 são impostos ou taxas, o que dá algo em torno de 36%.
Como não teremos AppleTV por aqui tão cedo, o último produto lançado hoje que podemos comparar é o iPod Touch. Lá fora, o modelo de 8GB custa USD 229. Aqui, R$ 749,00. Um detalhe que vale a pena ser observado é que, oficialmente, o iPod Touch ainda não tem preço definido e nem pode ser comprado na loja online, onde no lugar do preço, existe um informe “Em breve“. Assim, a Apple não divulgou quanto recolhe de impostos nesse caso, mas se for algo em torno dos 40%, são quase R$ 300,00 que você paga pro governo e não pra Apple.
O que a Apple certamente quis deixar claro com essa ação, foi algo que começou há alguns meses, quando um consumidor da Europa mandou um email indignado ao Mr. Jobs, perguntando porque o iPhone em seu país era tão mais caro que nos EUA e recebeu uma resposta curta do tipo: fale com seu governo.
Não quero aqui defender a Apple e dizer que é coitadinha e não tem margem pra trabalhar. Todos sabemos que a empresa é uma das mais lucrativas e por isso, todos querem se associar a ela, comprando suas ações. Contudo, acho que, inovando ou apenas aperfeiçoando seus produtos (como muitos gostam de dizer), o fato é que ela está sempre nos tentando com algo novo, mais bonito, mais fácil e com um apelo incrível, a ponto de nos fazer por a mão na carteira.
Gostaria de fechar com mais uma continha (que alguns já devem estar querendo enfiar na minha bunda gorda): se o iPod Shuffle 2GB custa R$ 229,00 e R$ 100,00 são impostos e taxas, sobram R$ 129,00. Convertendo isso ao dólar de hoje, são USD 73. Levando-se em conta que na gringa custa USD 49, são “apenas” USD 24 que efetivamente ficam com a Maçã. Não sei se nos impostos e taxas eles já embutiram o custo do frete internacional e o nacional, mais toda a logística necessária, mas é um caso a se pensar.
E pra concluir, muitos devem estar pensando: “mas se a Apple vende por USD 49 nos EUA, ela está tendo lucro”. Óbvio que sim, mas e o revendedor nacional (Fnac, FastShop, etc.), que vende pelo mesmo preço da Apple Store e ainda parcela em trocentas vezes? Claro que eles compram por um preço menor por serem revendedores, mas não me parece que a margem seja tão alta a ponto de crucificar Apple ou revendedores pelos preços altos aqui no Brasil. Concorda comigo, Lula?
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